15 de Dezembro – Dia do jardineiro

Jardineiros da Floresta

Muitos animais são conhecidos pela expressão “jardineiros da natureza”, pois de certa forma ajudam na recuperação das florestas disseminando nas florestas sementes que posteriormente veem a germinar.

Muitos pensam que essa função se restringem às aves, mas, de certa forma, todos os animais direta ou indiretamente executam essa função. Seja pelos sub-produtos de seus excrementos que “adubam” o solo; ou de forma ativa (zoocoria) em que são chamados dispersores. Estudos revelam que 80% das espécies de árvores que produzem frutos têm suas sementes dispersadas por animais. Esse processo é fundamental para a renovação das florestas bem como para a agricultura.

Estudos realizados na França (INRA), indicam que 35% da produção mundial de alimentos dependem dos insetos polinizadores. Exemplo são as abelhas que chegam a polinizar até 90 tipos de plantas. Mas o seu desaparecimento em algumas regiões, sobretudo nos EUA, está gerando preocupação nos pesquisadores.
Registro de Anta(Tapirus terrestres) no PE Veredas do Peruaçu
A Anta (Tapirus terrestres), é considerado o maior mamífero terrestre da América do Sul. Além disso, é a jardineira de nossas florestas por ser uma excelente dispersora de sementes, contribuindo desta forma para a formação e manutenção da biodiversidade dos biomas brasileiros onde vive (Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica). E tem mais: estudos recentes mostraram que a espécie tem uma quantidade imensa de neurônios, confirmando que ela é um animal extremamente inteligente.

Em agosto de 2013 foi lançada a campanha Minha Amiga é uma Anta, desenvolvida para o público infanto-juvenil. É possível baixar a cartilha educativa da anta brasileira clicando AQUI, escrita por Liana John e Patrícia Médici, com informações sobre a espécie, materiais para estudo e trabalhos de escola, fotografias e ilustrações. A intenção era chamar a atenção sobre a importância da conservação da anta brasileira, despertar o orgulho pela ocorrência da espécie no Brasil e desmistificar o conceito de que “anta” é um ser desprovido de inteligência.

Para mais informações acesse também: #OMundoPrecisaDeMaisAntas 

Conhecidas vilãs de plantações pelo Brasil inteiro, as saúvas podem ajudar na recuperação de áreas degradadas na Amazônia. A constatação é de um grupo de pesquisadores do Pará.
Saúva (Atta)

Apesar de comerem de 12% a 17% da produção anual de folhas das florestas, as formigas cortadoras podem ter um importante papel na recuperação da vegetação, já que cavam grandes buracos e neles depositam matéria orgânica, enriquecendo o solo com nutrientes importantes.

A esperança de recuperação se concentra no fato de que esse tipo de formiga prefere morar justamente em áreas jovens de floresta ou em pastos abandonados após o desmatamento.

Veja reportagem completa, clicando AQUI

No que se refere aos crustáceos, os caranguejos encontrados nos manguezais fazem sua parte, pois ao cavar seus “buracos” ajudam na aeração do solo, dando assim a possibilidade de espécies vegetais características desse ecossistema costeiro se desenvolverem.

Dos Jardineiros da natureza o beija-flor é o mais “badalado” entre os observadores de aves. Destreza, agilidade e a rapidez com que visita várias flores durante seus voos os tornam peça fundamental da proliferação de outras espécies no habitat.

Os morcegos, principalmente os frutígeros, são campeões em liberar sementes em vários locais. Por se deslocar em lugares de difícil acesso e defecar as sementes em pleno vôo, consegue levar outras espécies de árvores a lugares bem diferentes.
Morcego-das-frutas(Artibeus lituratus)
Esses animais podem cobrir grandes distâncias durante a noite, por isso, conseguem espalhar sementes sobre uma enorme área. Visto que processam algumas sementes em seu sistema digestório, os morcegos também fornecem um “fertilizante” que ajuda as sementes a germinar. Não é de admirar que muitas plantas da floresta tropical dependam dos morcegos para polinizar suas flores e espalhar suas sementes.

A dispersão de sementes por animais é uma atividade ecológica comum e fundamental nas florestas do mundo todo. Esse mecanismo ajuda a manter as florestas vivas e ricas em ambientes que, muitas vezes, sofreram impacto pela presença do homem.

Hoje, são os animais frugívoros - aves, mamíferos e peixes - que comem a polpa dos frutos, engolem as sementes e devolvem-nas à terra por meio das fezes. Assim, elas podem brotar e garantir a continuidade da espécie. Cerca de 10% das plantas utilizam os fatores abióticos (chuvas, ventos e rios) na dispersão e 90% delas aproveitam os animais frugívoros. A cooperação é essencial para que as plantas mantenham determinadas espécies de animais na região. Os animais dependem das plantas para se alimentar, e elas deles para se reproduzir. Ao contrário do que ocorreu com os dinossauros, os animais estão desaparecendo de forma brusca na natureza, e muitas espécies de plantas não conseguem dispersar suas sementes. Sem essa dispersão, a floresta não tem como se regenerar.
Registro de Cutia (Dasyprocta aguti) na APA Serra do Sabonetal

O processo de dispersão de sementes é fundamental na regeneração de áreas desmatadas, pois através dele sementes de plantas pioneiras podem chegar a clareiras e demais áreas abertas em florestas, dando início ao processo de sucessão ecológica. Para complicar mais, antas (Tapirus terrestris) e cutias (Dasyprocta aguti), fundamentais para a dispersão de sementes grandes - acima de 2,5 centímetros de diâmetro - , que as aves não conseguem engolir, são os alvos preferenciais dos caçadores. O jatobá (Hymenaea courbaril), por exemplo, corre perigo. Ele depende apenas da cutia para levar suas sementes a locais que favoreçam a germinação e, caso o animal seja extinto, a planta também irá desaparecer. Quando um jatobá de 150 anos morrer, não haverá novas árvores em crescimento. Isso poderá modificar a dinâmica da floresta, porque quem poliniza as flores do jatobá são os morcegos grandes. A cutia come apenas algumas sementes e faz um estoque para outras estações, mas nem sempre pode aproveitá-lo. Às vezes ela é predada ou muda de território, o que favorece a germinação das sementes enterradas.

A caça e a exploração intensiva de sementes são mais dois inimigos da biodiversidade brasileira. Ao lado do desmatamento, estas interferências cada vez maiores do homem estão transformando as florestas em paisagens vazias. Elas poderão, literalmente, sumir do mapa neste século. Fragmentos florestais isolados, que não têm conexão entre matas ciliares (da beira dos rios) com outros blocos de mata, ficam mais vulneráveis e, sem manejo, tendem a desaparecer num prazo de cem anos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Campanha de Consumo Consciente da Água

Especial - Parque Estadual Serra das Araras

Projeto: Semana de Educação para a vida - Januária/MG