Proposta aprovada pelo CNPq cria sítio de pesquisa em unidades de conservação do Norte de Minas
Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Pandeiros, no município de Januária, Norte de Minas (fotos: Divulgação) |
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) aprovou proposta de criação do sítio de pesquisa cientifica sobre
os ecossistemas no Norte de Minas, com abrangência em três unidades de
conservação dos municípios de Januária, Cônego Marinho e Bonito de
Minas. A proposta é da pesquisadora Yule Roberta Ferreira Nunes,
professora do Departamento de Biologia Geral da Universidade Estadual de
Montes Claros. Com a aprovação, o sitio de pesquisa passa a fazer parte
do Programa Ecológico de Longa Duração (PELD,) que completa 20 anos de
existência em 2017.
Iniciativa inédita no Brasil, o PELD se tornou um importante
instrumento de investigação dos estudos ecológicos brasileiros. Conta
com uma rede de 33 sítios de estudos científicos distribuídos nos
diversos biomas, contribuindo para formação de recursos humanos e a
consolidação da pesquisa em Ecologia no Brasil.
“O PELD se destaca por disponibilizar informação relevante para a
gestão ambientalmente sustentável dos ecossistemas”, explica a
professora Yule Roberta, que é mestre em Ecologia (Conservação e Manejo
da Vida Silvestre) e doutora em Engenharia Florestal (Manejo Ambiental).
REPRESENTATIVIDADE
A seleção dos sítios de estudos científicos se dá pela
representatividade das unidades de conservação, distribuição geográfica,
diversidade de biomas, a existência de infraestrutura (recursos
humanos, equipamentos, acessibilidade e disponibilidade de informação
científica), vinculação institucional, capacidade de executar e garantir
a continuidade de investigações ecológicas de longa duração e condições
para experimentação no local.
No âmbito da Unimontes, a proposta contemplada é pioneira e
representa um avanço nos estudos científicos do ecossistema. Conforme a
pesquisadora, o objetivo é ampliar o conhecimento sobre as veredas, “um
ecossistema bastante frágil”. O projeto tem como foco principal o
“colapso das veredas no sertão mineiro: efeitos antrópicos locais e
mudanças climáticas globais”.
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Os primeiros trabalhos aconteceram em abril, com o reconhecimento e
seleção das áreas de coleta de dados. O valor de recursos aportados
junto ao CNPq, até o momento, é de R$ 139.190,00, além do aporte da
Coordenação de Apoio ao Pessoal de Nível Superior (Capes), do MEC, com a
concessão de bolsas de Iniciação Científica, de mestrado e
pós-doutorado. Neste momento, segundo a coordenadora, “o projeto aguarda
uma resposta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig) para financiamento, em valor semelhante ao repasse do CNPq,
conforme previsto no edital do projeto e acordado com as fundações
estaduais”.
GRAVE
“As veredas do Norte de Minas estão secando. Apesar de reconhecidas
como Áreas de Proteção Ambiental, a ocupação antrópica de suas áreas
naturais tem levado à exaustão destes ambientes. Nosso foco é entender
porque as veredas estão secando e quais as consequências da mudança
deste ambiente para a conservação da biodiversidade”, destacou a
professora.
O primeiro trabalho de campo foi realizado em abril; o projeto contempla três áreas na região norte-mineira (fotos: Divulgação) |
Com a implantação do sítio do PELD e dos estudos de longa duração
será possível compreender a complexidade das veredas do Norte de Minas.
Nesta primeira etapa, busca-se conhecer a diversidade do ambiente
complexo e vulnerável das veredas, com foco na flora e os processos
associados.
“Iremos verificar se a vegetação típica das veredas está sofrendo
retração ao longo do tempo, comprovar se existe variação do balanço
hídrico, com tendência ao rebaixamento do nível freático e se espécies
vegetais características e importantes, como o buriti e o xiriri,
mostram respostas adaptativas em relação às mudanças na paisagem e do
clima nestes ambientes”, adianta a pesquisadora.
A professora Yule Roberta acrescenta que a avaliação destes
componentes poderá fornecer informações sobre as causas e consequências
das alterações globais para a conservação do sistema. “Além das
estratégias para minimizar o desaparecimento ou completa modificação das
veredas no norte de Minas Gerais”.
As pesquisas serão desenvolvidas no Parque Estadual Veredas do
Peruaçu, Área de Proteção Ambiental do Rio Pandeiros e Reserva
Particular de Patrimônio Natural Porto Cajueiro, que fazem parte do
chamado “Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu”. O trabalho cientifico
contemplará análises e coleta de dados por parte de pesquisadores da
Unimontes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade
Federal de Lavras (UFLA).
Os estudos têm também a participação de parceiros como o Instituto
Estadual de Florestas (IEF) e da Usina Coruripe. Na Unimontes, também
participam da proposta professores e alunos dos departamentos de
Biologia Geral, de Geociências e de Ciências Exatas
Fonte: UNIMONTES
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