Expedição Pandeiros - Relatório de viagem

No dia 30 de outubro de 2014 saímos em expedição ao longo do Rio Pandeiros, desde o pântano até a sua nascente, para fins de avaliação de sua atual situação. O IEF, juntamente com a prefeitura de Januária, a Emater (organizadora do evento), Corpo de Bombeiros e o Movimento Vidas Áridas enviaram representantes. O objetivo principal do evento foi conhecer o momento atual do Rio Pandeiros e levar tal situação ao conhecimento das autoridades e da sociedade, para que ações de conservação sejam adotadas, visando a preservação do rio.

O primeiro ponto de parada da expedição foi no pântano do Rio Pandeiros, importante ponto de reprodução das espécies de peixes do Rio São Francisco.

Vista do pântano do Rio Pandeiros através da torre de observação do IEF

O pântano do Rio Pandeiros destaca-se como principal expressão do valor natural e ambiental do Refúgio Estadual da Vida Silvestre do rio Pandeiros, com extensas áreas alagadas tidas como um berçário natural responsável pela reprodução de diversas espécies de peixes do rio São Francisco, além, de abrigar no seu emaranhado de belas lagoas, uma enorme diversidade de aves, anfíbios, répteis e mamíferos.

Seguindo a expedição, encontramos no trecho entre as comunidades de Campos e Palmeirinha essa voçoroca que já compromete o trânsito local:

As voçorocas são grandes buracos de erosão causados pela chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não mais o protege, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas. O desenvolvimento das voçorocas descrito na literatura brasileira é geralmente atribuído a mudanças ambientais induzidas pelas atividades humanas. 

Já na comunidade de Palmeirinha realizamos uma parada para almoço, com direito a uma bela paisagem proporcionada por uma das cachoeiras do Rio Pandeiros, que estava com volume relativamente aumentado devido às chuvas recentes que haviam atingido o local.

Cachoeira do Rio Pandeiros

Após o almoço seguimos em direção à comunidade de Raizama onde se encontra a nascente do córrego Macaúbas, em uma área de domínio privado.

Local da nascente do córrego Macaúbas

A nascente do córrego Macaúbas é cercada, o que evita a entrada de animais e por conseguinte o pisoteio e compactação do solo. Além do cercamento, é fundamental que a vegetação em torno da nascente seja preservada, pois essa vegetação funciona como barreira viva na contenção de enxurradas.

Quando a área da nascente não é cercada e a vegetação é insuficiente, o local fica susceptível a assoreamento, favorecendo situações como a retratada a seguir:

Nesse ponto, para efeito de curto prazo, bacias de captação de enxurradas poderiam desacelerar o processo de assoreamento que já se encontra avançado no local.

O simples cercamento, com conseqüente isolamento da área, já possibilita que a região da nascente se regenere e mantenha seu equilíbrio ecológico, proporcionando belos registros como este realizado na nascente Vereda Almecegas:

Nascente Vereda Almecegas. Essa nascente encontra-se cercada e livre de pisoteio animal, o que possibilitou a plena recuperação da vegetação ao seu redor.

Ao fim da expedição, chegamos na região onde se encontrava originalmente a nascente principal do rio Pandeiros. A nascente já não se encontra mais nesse local sendo que, atualmente, o que há no lugar é uma voçoroca de enormes proporções. A figura a seguir retrata a região:

Como já mencionado, voçorocas como essa ocorrem como conseqüência de mudanças ambientais induzidas por atividades humanas. Grande parte do volume de sedimentos deslocado dessa voçoroca segue em direção ao leito do Rio Pandeiros contribuindo para seu assoreamento.

A solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual. Registre-se, assim, a mensagem deixada na comunidade de Campos:

Equipe participante da Expedição Pandeiros

Everton Botelho Sá - Analista Ambiental

Marco Túlio de Araújo Silva – Gerente do Refúgio de Vida Silvestre do Pandeiros