24 de Abril - Aniversário de Criação do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu

Hoje, dia 24 de abril comemoramos o dia de criação do Mosaico Sertão Veredas - Peruaçu!
Para que haja um melhor entendimento a respeito desse modelo de gestão compartilhada de Unidades de Conservação vamos fazer um breve resumo de como é realizado e aplicado nos municípios e territórios em que ele atua. Vamos começar com a pergunta:

Núcleo Grande Sertão | Parque Nacional Grande Sertão Veredas | Foto: Hugo Messina

O que é um Mosaico de Unidades de Conservação?!

A noção de Mosaico de Áreas Protegidas surge com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei 9.985/2000. Pensados como ferramentas de gestão, os Mosaicos são conjuntos de unidades de conservação (Parques, Reservas, Áreas de Proteção Ambiental, Florestas Nacionais, etc) e outras áreas protegidas (como terras indígenas e comunidades quilombolas), públicas ou particulares, geograficamente próximas ou sobrepostas.

O objetivo é promover a gestão compartilhada do território, de forma integrada e participativa, em conjunto com a população. Para isso, todo Mosaico tem um Conselho Consultivo, composto por representantes de órgãos ambientais, comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil e poder público. 

De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), há atualmente 22 Mosaicos de Áreas Protegidas no país, distribuídos em diferentes biomas e regiões entre iniciativas federais e estaduais. Desde 2011, esses territórios se organizam na Rede de Mosaicos de Áreas Protegidas, buscando fortalecer a atuação dos Mosaicos no país por meio de ações de cooperação e intercâmbio.

O Mosaico Sertão Veredas - Peruaçu

Núcleo Grande Sertão | Foto: Hugo Messina

O Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu é um conjunto de áreas protegidas localizadas na margem esquerda do Rio São Francisco, entre as regiões norte e noroeste de Minas Gerais e parte do sudoeste da Bahia. Com área total de 1.783.799 hectares e perímetro de 1.210 km, o Mosaico envolve unidades de conservação ambiental, comunidades tradicionais e a Terra Indígena Xakriabá.

Em Minas Gerais, o Mosaico engloba áreas dos municípios de Formoso, Arinos, Chapada Gaúcha, Urucuia, Cônego Marinho, Januária, Itacarambi, Bonito de Minas, São João das Missões, Miravânia e Manga. Atravessado pelo Rio Carinhanha, o território se estende até parte do município de Cocos, na Bahia.

O território faz parte da região dos Gerais, imortalizada por João Guimarães Rosa em obras como “Grande Sertão: Veredas”, “Sagarana” e “Manuelzão e Miguilim”. A diversidade ambiental da região, que abriga espécies endêmicas da fauna e flora do Cerrado, convive com a riqueza cultural dos povos tradicionais sertanejos, ribeirinhos, geraizeiros e vazanteiros.

A criação do Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu, reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009, busca conciliar a proteção da biodiversidade à valorização cultural e social das comunidades, em uma proposta de gestão integrada e participativa do território. Para isso, o Mosaico é regido por um Conselho Consultivo, composto por representantes das unidades de conservação, do poder público e lideranças locais.

Os Núcleos

Devido à sua grande extensão, o território foi dividido em três núcleos geográficos: Sertão Veredas, Pandeiros e Peruaçu. A divisão, pensada para possibilitar a gestão em nível local, a implementação de projetos e a fiscalização no território, orienta também a experiência do visitante. Cada um desses espaços guarda características ambientais, sociais e culturais específicas, compondo uma rede de sociobiodiversidade.

Sertão Veredas

Paisagens-cenário levam diretamente ao universo do romance Grande Sertão: Veredas, com seus causos e histórias próprias do universo roseano. Nesta área, o visitante encontra lugares aos quais o romance faz referência direta, como os rios Urucuia e Carinhanha, a Serra das Araras, o Vão-dos-buracos e o enigmático Liso do Sussuarão. As Festas de Reis e o Encontro dos Povos do Grande Sertão Veredas são destaque no calendário da região.

Com sede em Chapada Gaúcha, o núcleo abrange também os municípios de Formoso, Arinos e Urucuia, em Minas Gerais, e Cocos, já no estado da Bahia. Pertencem a esta área o Parque Nacional Grande Sertão Veredas e o Parque Estadual Serra das Araras, além de dois corredores ecológicos e três Reservas Particulares do Patrimônio Nacional – RPPNs.

Pandeiros

O rio que dá nome a esta área do Mosaico presenteia o visitante não só com abundância de poços e cachoeiras como também de cavernas. Por sua composição calcária, as águas cavam buracos de todos os tamanhos nas belas formações rochosas do leito do rio. Dos pequenos furos às grandes cavernas, tudo ali é divino maravilhoso. Ao se tornar caudaloso, o rio faz um barulho característico, identificado como o som de um pandeiro; daí seu nome.

Núcleo Pandeiros | Rio Pandeiros | Foto: Berilo Maia Filho

Com sede em Januária, o Núcleo Pandeiros envolve também os municípios de Bonito de Minas e Cônego Marinho – os três localizados na Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio Pandeiros, maior unidade de conservação de uso sustentável do estado de Minas Gerais. Ao norte, a APA Estadual Cochá e Gibão abriga a RPPN Porto Cajueiro, onde há uma boa estrutura para visitação.

Peruaçu

Da interiorana beira do Velho Chico à grandiosidade das cavernas e paredões esculpidos pelo Peruaçu, este pedaço é caracterizado pela mistura de atmosferas. O Núcleo abrange ainda duas Terras Indígenas Xakriabá, onde o povo, há muito expulso das margens do rio, vive uma história de luta constante para manter e recuperar seu direito à terra e ao rio.

O Núcleo Peruaçu tem sede no Fabião I (distrito de Januária), abrangendo parte dos municípios de Itacarambi, São João das Missões, Miravânia e Manga. Há nesta parte do território uma articulação muito forte em termos de organização comunitária, o que resulta na boa qualidade do conjunto de seus serviços e infraestrutura para o turismo ecocultural de base comunitária.

O mosaico possui um site com todas as informações das Unidades participantes, parceiros e ações que estão sendo realizadas no território. Quer conhecer e ler mais a respeito clique AQUI.

Núcleo Pandeiros - Foto: Arquivo Mosaico