RAPPAM avalia efetividade de UCs de Minas Gerais
A sobrevivência de 15 mil hectares de mata seca está garantida graças à
dedicação de José Luiz Vieira que, após mais de um ano de diálogo com o governo
de Minas Gerais, conseguiu a demarcação do Parque da Mata Seca no norte do
estado, no ano 2000, como condicionante do Projeto Jaíba.
“Garantir a
conservação dessa vegetação peculiar, que abrange uma área de transição entre a
Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica, foi o que me motivou a ir tantas vezes
para Belo Horizonte. À época a região estava ameaçada, principalmente, pela
degradação do rio São Francisco que flui na área. Acredito que hoje o cenário
ambiental é melhor e por isso estou bastante animado com a avaliação da situação
da Unidade de Conservação pelo método RAPPAM, afirmou José Luiz, durante a
oficina, na última semana, para aplicação da metodologia Rapid Assessment
and Priorization of Protected Area Management, desenvolvida pela Rede WWF
entre 1999 e 2002, que fornece ferramentas voltadas à avaliação rápida e
priorização do manejo em unidades de conservação (UCs).
Ao todo
participaram 69 gestores, coordenadores, funcionários de áreas protegidas no
evento realizado pelo WWF-Brasil, em parceira com o Governo de Minas Gerais, por
meio do Instituto Estadual de Florestas (IEF), no período de 25 a 29 de maio de
2015, no Bico do Ibituruna, em Governador Valadares. Entre eles o José Luiz
Vieira, que está à frente da gestão do Parque da Mata Seca desde a sua
criação.
O estado possui 91 unidades de conservação estaduais, divididas
em 72 de proteção integral e 19 de uso sustentável. O retrato apresentado pelos
participantes do evento mostra melhorias sensíveis no que tange à conservação da
biodiversidade e dos recursos hídricos.
“Afinal, criar e bem gerenciar
unidades de conservação está entre as principais e mais efetivas estratégias
para a conservação da natureza”, defende José Luiz Vieira, argumentando que
áreas protegidas ajudam na proteção de fontes de água, regulamentação do clima,
geração de renda para povos e comunidades tradicionais e garantia das riquezas
socioculturais. Mas, ele alerta também para as ameaças, como incêndios, obras de
infraestrutura externas a seus limites, caça e extração ilegal de produtos, que
afetam as UCs e podem comprometer de alguma forma a efetividade de sua
proteção.
Julio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal
do WWF-Brasil, esteve presente na oficina e contou que o método RAPPAM foi
implementado com a aplicação de questionários que permitirão a visualização e
sistematização dos pontos fortes e dos que precisam de melhorias na gestão das
áreas avaliadas. Segundo ele “as análises feitas pelos gestores fornecerão
informações das unidades de conservação para subsidiar o desenvolvimento de
políticas adequadas à proteção de sistemas naturais e auxiliar os órgãos
responsáveis pela gestão no processo de melhoria da sua efetividade. Diante
disso, não há que se contestar o importante papel da metodologia na análise de
desempenho do trabalho de conservação das áreas
protegidas”.
Mundialmente, o RAPPAM já foi aplicado em 22 países, como
Indonésia, Gana, Chile, Butão, China, Romênia, Rússia e África do Sul. No
Brasil, a ferramenta já foi implementada nos estados de São Paulo, Paraná, Acre,
Amapá, Mato Grosso, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Pará, Goiás e
unidades federais de conservação. Em suma, a avaliação já contemplou cerca de
500 unidades de conservação brasileiras.
O resultado deste trabalho será
consolidado nos próximos três meses. O propósito é gerar uma publicação com a
avaliação se as UCs de Minas Gerais estão contribuindo para o alcance dos
objetivos de conservação ambiental, ordenamento territorial, desenvolvimento
sustentável e valorização da sociobiodiversidade.
Matéria retirada e adpatada do site : www.wwf.org.br
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